
Em 2015, apenas 30% dos estudantes que entraram na USP ou na Unicamp fizeram o ensino médio em escola pública. Na USP, 17,5% dos que entraram eram negros (pretos ou pardos); na Unicamp, o número é ainda menor: 15%. Para comparar: no estado de São Paulo, cerca 85% das matrículas são na rede pública e os negros representam 35% da população.
Para combater essas distorções, existem estratégias de ação afirmativa: são mecanismos que buscam “neutralizar” os efeitos das discriminações por classe social, raça, gênero, etc. As mais conhecidas são a reserva de vagas (cotas) e a pontuação acrescida (bônus). A USP e a Unicamp são as únicas universidades estaduais que optam por este modelo.
A USP e a Unicamp não adotam cotas de forma geral. Recentemente, alguns cursos da USP anunciaram que selecionarão parte dos estudantes pelo Sisu; nesses casos, pode haver cotas, mas é um número muito pequeno. Essas instituições têm programas de inclusão para estudantes de escolas públicas através de bônus.
Movimentos sociais – especialmente o movimento negro – apontam que as políticas existentes até agora são insuficientes para garantir uma maior diversidade nas universidades, principalmente nos cursos mais concorridos. Com o maior índice de candidatos/vaga, a Medicina da USP tem apenas 11,3% de negros e 19% de estudantes de escola pública. “De modo geral, a bonificação não é alcançada, porque se o aluno já tem aquela nota, não precisa do bônus”, explica Felipe Tarábola, doutorando em Educação na USP.
“[E]sse sistema, quando eficaz, comumente resulta em uma distribuição desigual dos candidatos beneficiados entre os cursos: aqueles mais prestigiosos e disputados são pouco tocados pelo sistema de bonificação, enquanto aqueles menos competitivos costumam ser mais impactados por essa modalidade de ação afirmativa”, afirmam João Feres Junior e Verônica Toste Daflon, do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Gemaa/Uerj), em um artigo sobre as políticas de igualdade racial no ensino superior.
» Estudantes de escola pública têm desempenho melhor na USP
USP
Pelo Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), o acréscimo varia de 12% a 20% da pontuação obtida pelo estudante. O benefício vale apenas para candidatos que tenham acertado pelo menos 30% das questões da primeira fase. Na primeira fase, o bônus é calculado para saber se o candidato alcançou a nota de corte. A nota final incorpora o bônus para classificação na carreira.
São várias modalidades:
- Quem fez o ensino médio, mas não o ensino fundamental, em escola pública: 12%
- Quem fez o ensino fundamental e médio em escola pública: 15%
- Quem fez o ensino fundamental e médio em escola pública e fez o vestibular como treineiro (Pasusp): 20%
- Quem fez o ensino fundamental e médio em escola pública e se declara negro ou indígena: 20%
Unicamp
A Unicamp mudou seu Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS). A partir deste ano, serão adicionados 60 pontos na primeira fase do vestibular para candidatos que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas da rede pública, e mais 20 pontos para candidatos que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas e que também tenham cursado o período integralmente na rede pública. A primeira fase é composta por uma prova objetiva, de conhecimentos gerais, e pela nota do Enem. Os candidatos que passarem para a segunda fase receberão mais 90 pontos na prova de redação e outros 90 nas provas dissertativas. No caso de negros e indígenas que também tenham estudado em escola pública, há mais 30 pontos de bônus na segunda fase, além dos 90, totalizando 120 pontos.
Boa tarde, se um aluno for matrícula no 1º ano do ensino médio ( um mês), se eu cancelar a matrícula do aluno por não comparecimento e fizer a matrícula dele no ensino público, ele poderá ser beneficiada na cotas ?
quero saber como funcionara a soma dos pontos dos alunos oriundos de escola publica com a nota final do vestibular da unicamp 2018